sexta-feira, 31 de julho de 2009

OS GASTROSSEXUAIS


Há já algum tempo que ando para falar desta nova (e tão fantástica!) espécie.. O que são os gastrossexuais, perguntam vocês? Ora.. gastro = estômago, sexuais toda a gente sabe o que é, certo? Os adeptos desta nova tendência são homens que adoram cozinhar pratos elaborados e usam as suas habilidades culinárias para encantarem e seduzirem mulheres. Mas que espertos que eles são! O que é que uma mulher mais quer quando chega a casa ou quando tem um encontro caseiro? Quer ser surpreendida com os dotes culinários dessas personagens, quer que os homenzinhos passem uma imagem sofisticada e moderna, pois afinal não são só as mulheres que passam tempo na cozinha, nem são só elas que gostam de cozinhar e se esforçam para arranjar pratos xpto com a meia dúzia de ingredientes que têm em casa por não terem tido tempo de ir ao supermercado. Segundo estatísticas, os gastrossexuais são homens entre 25 e 44 anos, bem-sucedidos e com uma paixão por culinárias do mundo todo (vá, eu pessoalmente dispenso as índias e coisas parecidas... já exigo menos por isso sou um bom partido).

Segundo uma pesquisa inglesa recente, o número elevado de gastrossexuais aumentou devido ao número crescente de homens que vivem sozinhos (não queriam que as mãezinhas fossem lá fazer a papinha e ainda dessem à boca, não?). De acordo com o estudo, os homens passam cinco vezes mais tempo na cozinha hoje em dia do em 1961, de meros 5 minutos para, pasme-se!, 27 minutos diários. Mas que grande farturinha! É chato, porque mesmo que cozinhar demore só esses 27 minutos, onde raio está o tempo de lavar as panelas e os tachos??? Ou isso é papel da mulher que eles estão a tentar seduzir?

quarta-feira, 29 de julho de 2009

PONTOS DE VISTA SOBRE ENVELHECER


Pontos de vista de George Carlin sobre envelhecer

Você sabia que a única época da nossa vida em que gostamos de ficar velhos é quando somos crianças? Se V. tem menos de 10 anos, V. está tão excitado sobre envelhecer que pensa em frações.

Quantos anos V tem? Tenho quatro e meio! Você nunca terá trinta e seis e meio. Você tem quatro e meio, indo para cinco! Este é o lance!

Quando V. chega à adolescência, ninguém mais o segura. V. Pula para um número próximo, ou mesmo alguns à frente. 'Qual é sua idade?'

'Eu vou fazer 16! ‘ Você pode ter 13, mas (tá ligado?) vai fazer 16!

E aí chega o maior dia da sua vida! Você completa 21! Até as palavras soam como uma cerimônia: VOCÊ ESTÁ FAZENDO 21. Uhuuuuuuu!

Mas então V. 'se torna' 30. Ooooh, que aconteceu agora? Isso faz V. soar como leite estragado! Êle 'se tornou azedo'; tivemos que jogá-lo fora. Não tem mais graça agora, V. é apenas um bolo azedo.O que está errado? O que mudou?

V. COMPLETA 21, V. 'SE TORNA' 30, aí V. está 'EMPURRANDO' 40. Putz! Pise no freio, tudo está derrapando! Antes que se dê conta, V. CHEGA aos 50 e seus sonhos se foram.

Mas, espere! Você ALCANÇA os 60. V.. nem achava que poderia!

Assim, V. COMPLETA 21, V. 'SE TORNA’ 30, ’EMPURRA’ os 40, CHEGA aos 50 e ALCANÇA os 60.

Você pegou tanto embalo que BATE nos 70! Depois disso, a coisa é na base do dia-a-dia; 'EstareiBATENDO aí na 4ª. Feira! ‘

Você entra nos seus 80 e cada dia é um ciclo completo; V. bate no lanche, a tarde se torna 4:30; V.alcança o horário de ir para a cama. E não termina aqui. Entrado nos 90, V. começa a dar marcha à ré; ‘Eu TINHA exatos 92. ‘

Aí acontece uma coisa estranha. Se V. passa dos 100, V. se torna criança pequena outra vez. 'Eu tenho 100 e meio!'

Que todos Vocês cheguem a um saudável 100 e meio!!

COMO PERMANECER JOVEM

- Livre-se de todos os números não-essenciais. Isto inclui idade, peso e altura. Deixe os médicos se preocupar com eles. É para isso que V. os paga.

- Mantenha apenas os amigos alegres. Os ranzinzas só deprimem.

- Continue aprendendo. Aprenda mais sobre o computador, ofícios, jardinagem, seja o que for, até radio-amadorismo.. Nunca deixe o cérebro inativo. 'Uma mente inativa é a oficina do diabo. E o nome de família do diabo é ALZHEIMER.

- Aprecie as coisas simples.

- Ria sempre, alto e bom som! Ria até perder o fôlego.

- Lágrimas fazem parte. Suporte, queixe-se e vá adiante. As únicas pessoas que estão conosco a vida inteira somos nós mesmos. Mostre estar VIVO enquanto estiver vivo.

- Cerque-se daquilo que ama, seja família, animais de estimação, coleções, música, plantas, hobbies, seja o que for. Seu lar é seu refúgio.

- Cuide da sua saúde: se estiver boa, preserve-a. Se estiver instável, melhore-a. Se estiver além do que V. possa fazer, peça ajuda.

- Não 'viaje' às suas culpas. Faça uma viagem ao shopping, até o município mais próximo ou a um país no exterior, mas NÃO para onde V. tiver enterrado as suas culpas.

- Diga às pessoas a quem V. ama que V. as ama, a cada oportunidade.

E LEMBRE-SE SEMPRE:

A vida não é medida pela quantidade de vezes que respiramos, mas pelos momentos que nos tiram a respiração.

Se V. não mandar isso para pelo menos 8 pessoas- quem se importa? Mas compartilhe isto com alguém. Todos nós temos que viver a vida ao máximo a cada dia!

8 BONS PRESENTES QUE NÃO CUSTAM 1 CENTAVO


Oito Bons Presentes Que Não Custam um Centavo

O PRESENTE ESCUTAR... Mas você deve realmente escutar. Sem interrupção, sem distração, sem planejar sua resposta. Apenas escutar.

O PRESENTE AFEIÇÃO... Seja generoso com abraços, beijos, tapinhas nas costas e aperto de mãos. Deixe estas pequenas ações demonstrarem o amor que você tem por família e amigos.

O PRESENTE SORRISO.... Junte alguns desenhos. Compartilhe artigos e histórias engraçadas. Seu presente será dizer, "Eu adoro rir com você."

O PRESENTE BILHETINHO... Pode ser um simples bilhete de "Muito obrigado por sua ajuda" ou um soneto completo. Um breve bilhete escrito à mão pode ser lembrado pelo resto da vida, e pode mesmo mudar uma vida.

O PRESENTE ELOGIO... Um simples e sincero, "Você ficou muito bem de vermelho", "Você fez um super trabalho" ou "Que comida maravilhosa" faz o dia de alguém.

O PRESENTE FAVOR... Todo dia, faça algo amável.

O PRESENTE SOLIDÃO... Tem momentos em que nós não queremos nada mais do que ficar sozinhos. Seja sensível à esses momentos e dê o presente da solidão ao outro.

O PRESENTE DISPOSIÇÃO... A maneira mais fácil de sentir-se bem é colocar-se à disposição de alguém, e isso não é difícil de ser feito.

terça-feira, 28 de julho de 2009

A MÁGIA DAS CORES


ESCOLHA A COR QUE VOCÊ MAIS SE IDENTIFICA E CONFIRA O RESULTADO

AMARELO
OOOOOO


É a cor da vida. Gostam dessa cor pessoas otimistas, fraternas, alegres, idealistas, sonhadoras, e que tem alma de artista. É a cor das pessoas ligadas à comunidade e à sociedade.


AZUL


É a cor de pessoas conservadoras, que não gostam muito de mudanças e dificilmente mudam de opinião.

BRANCO

Refere-se a areal sexual. Pessoas que tem bloqueio na área sexual, excesso de limpeza e sensação de pecado têm preferência pela cor branca.


CINZA/GRAFITE


Gostam dessa cor pessoas que estão com uma grande insatisfação na vida. Aparência pode ate ser agradável, mas a tristeza é grande. A pessoa se sente pressionada afetivamente e infeliz, mas nem sempre demonstra, se você se sentir assim, procure se distrair, fique perto das pessoas que gosta de você, sinta a alegria da natureza, coloque roupas mais alegres, mas se você se sente muito deprimido procure ajuda psicológica.


DOURADO


Ligado ao afeto e ao amor, cor dourada é uma cor vibrante, mais potente que o amarelo.


LARANJA


É a cor da transição. Refere-se a um momento de mudanças e transformações, geralmente a preferência pelo laranja ocorre por períodos muito curtos.


MARROM


Significa a capacidade que o individuo tem para lidar com dinheiro. Gostam dessa cor pessoas que são cabeças de família e fazem tudo com alegria. No entanto, não se envolvem afetivamente.


PRATA


Ligada à lua e ao mundo espiritual, a cor prata acelera o processo de projetos e pesquisas.


PRETO


Gostam dessa cor pessoas autoritárias, que não aceitam o tipo de sistema em que vivem. Também são idealistas e amorosas, mas não demonstram seu amor por medo de serem magoadas.



ROSA


É a cor preferida das pessoas ternas, amorosas, mas que tem dificuldade de expressar esses sentimentos. Gostariam de agasalhar a todos, mas tem dificuldade de demonstrar isso por medo da rejeição.


VERDE


Gostam desse tom pessoas boazinhas, porem interesseiras. Tudo o que fazem esperam retorno. Sabem fazer amizade, vivem em sociedade e comunidade, mas estão sempre com segundas intenções.


VERMELHO


O vermelho se refere às pessoas que têm personalidade guerreira, combativa, que gostam de mudanças. Não temem nada e são elétricas.

EQUILIBRANDO-SE NA COZINHA


Os alimentos possuem um incrível poder mágico, hoje pouco usados por causa da falta de tempo que o mundo de hoje nos impõe, mas tire momentos para se distrair na cozinha laboratório mágico da casa, o ritual que ensinarei a seguir e para quando achamos que não vamos conseguir realizar nossos desejos ou quando nos sentimos cansados demais para seguir em frente na luta de cada dia, tome um banho e coloque uma roupa confortável e clara, passe o seu perfume preferido, vá para a cozinha coloque uma vela branca na bancada um cálice de água pura, e um incenso de flores, enfeite ao seu gosto traga os seus cristais para perto de si e chame as fadas e gnomos para te ajudar a preparar um bolo, coloque uma musica alegre e calma, uma cantiga celta ou uma canção medieval, ou alguma musica que você sinta-se bem ouvindo, sinta a presença dos seres mágicos fadas e gnomos, escolha a receita que vocês irão fazer então coloque os ingredientes sobre a mesa, visualize as fadas e os gnomos te ajudando e circulando pela cozinha, converse com as fadas como velhas amigas, e grandes revelações ira acontecer entre a pia e o fogão, imagine claramente que assim como você é capaz de fazer aquele bolo, você é capaz de realizar qualquer transformação em sua vida, você é plenamente capaz de pegar ingredientes crus, e rústicos e criar uma coisa nova e saborosa, isso é mágica, a cada passo realizado você fica mais próximo do bolo, misture os ingredientes do bolo com ajuda dos seu amigos mágicos, coloque a massa no forno e visualize seus desejos crescendo e tomando forma, quanto o bolo ficar pronto passe uma calda bem gostosa em cima, e o primeiro pedaço ofereça as fadas e os gnomos os agradecendo pois foram eles que te ajudaram na preparação, coloque este pedaço de bolo perto de uma planta ou em algum lugar alto, coloque um copo de leite ou um suco natural perto, divida o bolo com sua família e sinta a felicidade tomar conta de sua vida, este pequeno ritual é bom para fortalecer a autoconfiança e a auto-estima, mostrando que você é capaz de fazer qualquer coisa que queira, sabendo que sempre terá ajuda de seus amigos e familiares.

Abaixo segue uma receita de bolo que você pode fazer com este ritual, esta receita é uma dica você pode fazer qualquer uma.

BOLO DO SOL

Este bolo trabalha com as energias do sol, trazendo para nossas vidas o brilho, a fama e à energia desse astro, ele é indicado quando nos sentimos apagamos e tristes, faça-o sempre mentalizando os resultados esperados, se quiser enquanto prepara o bolo, você pode acender, uma vela laranja ou dourada, untada com essência de canela ou cravo com flores amarelas e laranjas numa jarra de água com um pouquinho de açúcar, isso e optativo, pois o essensial é a sua alegria.

Ingredientes

massa

5 ovos
2 xícaras de açúcar
3 xícaras de farinha de trigo
1 xícara de suco concentrado de laranja
¼ de xícara de óleo
1 colher de fermento em pó

Para calda

½ xícara de suco de laranja concentrado
3 colheres de açúcar

Recheio e cobertura

1 lata de pêssegos em calda
2 xícaras de leite
2 colheres de sopa de açúcar
2 gemas
1 colher rasa de manteiga
1 colher de essência de baunilha
½ litro de creme de leite batido em chantili


Modo de fazer

Bata as claras em neve, bata as gemas com o restante dos ingredientes da maça, junte delicadamente as claras batidas em neve, coloque a massa numa forma untada e enfarinhada, leve ao forno médio pré-aquecido, por 45 minutos ou até que doure.

Recheio

Misture as gemas num prato e reserve, cozinhe o leite e o açúcar até começar a ferver, baixe o fogo e junte a baunilha, mexendo sempre, junte a maizena diluída em ½ xícara de água. Quando engrossar, despeje duas colheres de sopa do creme quente sobre as gemas e misture, despeje lentamente a misture de gemas sobre o creme, mexendo sempre ate iniciar a fervura, retire do fogo e junte a manteiga derreta por cima do creme e misture somente quando esfriar isso evita que se forme uma película grossa por cima.

Montando o bolo

Corte o bolo ao meio, na parte de baixo do bolo molhe um pouco com a calda, recheie com o creme e coloque os pêssegos cortados em fatias encima do creme, una o bolo, e molhe a parte de cima também com a calda, enfeite com o chantili, com o creme ou com um glacê de sua preferência.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

RAPTADO PELOS CIGANOS


Uma piedosa mãe rezava todas as manhãs com o seu filhinho uma linda oração ao Anjo da Guarda. À força de tanto a repetir, com as mãozinhas entre as mãos da mãe, apesar de contar só três anos e meio de idade, ele aprendeu-a de cor: “Querido Anjo, Anjo santo, tu és o meu guarda e estás sempre a meu lado. Diz ao Senhor que quero ser bom e que do seu alto trono me proteja. Guia-me sempre pelo bom caminho, com todos os meus queridos. Assim seja”.

Numa manhã de Abril desse ano de 1894 – faz agora 109 anos – meia hora depois de ter tomado o café da manhã, o rapazinho saiu para o campo, para brincar. Fazia cabriolas com o cachorrinho, quando por ali passou uma caravana de ciganos.

O habitual espetáculo : uma carroça desconjuntada, puxada por dois jumentos, um bando de mulheres despenteadas e com vestidos garridos até aos pés, crianças, dois homens, um a guiar a carroça, outro atrás, na porta, tudo num ambiente de miséria.

Uma cigana, ao ver aquela flor de criança no prado, começou a chamá-la, mansamente, mostrando uns rebuçados (doces, balas).

O menino aproximou-se e a cigana desceu do carro, continuou a distribuir doces. Quando já tinham deixado longe a povoação, agarrou-o e meteu-o dentro da carroça, e vá de correr pela estrada afora.

Ao ver-se no meio daquela gente desconhecida, o pequenito começou a berrar desesperadamente, mas era tarde demais. O homem, que ia à porta, tapou-lhe a boca com a mão e impôs-lhe silêncio, com a ameaça de lhe bater se não se calasse. A caravana andou de terra em terra, atravessando campos e povoações.

Depois dos primeiros dias de agonia, o pobre menino foi-se resignando com a sua triste sorte. Parecia já um autêntico ciganinho. A cara suja, os cabelos desgrenhados, a roupa esfarrapada e nos olhos uma saudosa tristeza. Os patrões ensinaram-lhe alguns exercícios e habilidades, e empregaram-no a pedir esmola, provocando com o seu encanto a compaixão do povo. Assim se passaram quatro longos anos.

O miúdo, agora um rapazinho de 7 anos, sentia que aquela não era a sua família. Lembrava-se da sua casa, do jardim, do cachorrinho com que brincava; sobretudo, não podia esquecer a sua querida mãe, que o apertava ao colo, lhe dava mil beijos, chamando-lhe “meu amorzinho”. Certo dia fugiu da caravana, correu, correu muito, pelos caminhos fora, até cair cansado na valeta da estrada. Passando por ali umas bondosas pessoas, recolheram-no e levaram-no para a cidade mais próxima, entregando-o na Esquadra da Polícia, onde lhe deram de comer e o deitaram para descansar e dormir.

Na dia seguinte, o Chefe da Polícia conversou amigavelmente com ele, para conhecer bem a sua situação.

Começou por suspeitar que uns pais sem coração o tivessem abandonado. Perante as respostas do petiz descartou esta hipótese.

– Como te chamas?

– Franz.

Aquele não podia ser um autêntico nome francês.

Por isso o Comandante insistiu:

– Franz e que mais?

– Só sei assim.

– E a tua mãe como te chamava?

– Meu filhinho, meu amorzinho!

– Donde és?

– Não sei.

Saído de casa aos três anos, não era de admirar que não se lembrasse de mais pormenores. Além disso, a sua vida de cigano tinha-o amedrontado e destroçado. A sua linguagem era vacilante, e o modo de se exprimir, lento e difícil.

– És capaz de dizer alguma coisa da tua mãe, antes de eles te terem apanhado?

– Só me lembro da minha mãe, do jardim e do cachorro. – E como era a tua mãe?

– Muito linda! Era a minha mamã.

– Como se chamava?

– Assim: mamã.

– E o teu pai, quem é? Como se chamava?

– Não sei.

Uma vez que todas as outras tentativas se tinham manifestado vãs, o Comandante começou a brincar com o pequenito, para ver se conseguia mais algum dado que o fizesse sair daquele círculo fechado: um jardim, um cachorro e as saudades da sua querida mãe.

Finalmente a uma pergunta do Comandante, o rapazito respondeu que se lembrava duma oração ao Anjo da Guarda, que a mãe lhe tinha ensinado e que ele próprio rezava muitas vezes, até na carroça dos ciganos.

– És capaz de a dizer agora?

– Sim.

– Gostaria de a ouvir. Vá, diz a oração!

O pequenito levantou-se, ergueu as mãos, olhou para o ar e começou:

– “Querido Anjo, Anjo santo tu és o meu guarda que sempre a meu lado...”

O Comandante e os outros polícias aproximaram-se, enquanto o petiz continuava firmemente a oração até ao fim: “...com todos os meus queridos. Assim seja”.

– Isto – declarou o Comandante para os colegas – pode ser pista que nos leve ao fim desejado. Voltando-se para o pequeno, disse-lhe:

– Bravo, meu rapaz! A tua oração é muito bonita. És capaz de repetir?

– Sim, eu sou.

E o Comandante deu esta ordem ao Secretário:

– Escreva tudo. Com a ajuda de Deus espero bom resultado.

A oração ficou escrita tal como a tinha ouvido. Entretanto, o pequeno foi entregue a gente de confiança para que o vestisse, alimentasse e procurasse colher mais algumas informações. Se, por ventura, as obtivessem, deveriam comunicá-las à Polícia.

Não havendo naquele tempo rádio, televisão ou telefone, o Chefe da Polícia valeu-se do único meio ao seu dispor: o telégrafo. E mandou telegramas para os principais jornais da França. A notícia apareceu com os poucos dados até então conseguidos e a transcrição de apenas metade da oração ao Anjo da Guarda. A segunda parte ficaria como prova para se conseguir saber quem eram na verdade os pais.

Numa povoação da região do Mosa, talvez avisada por outras pessoas ou, por graça de Deus, uma boa mulher veio a saber que nos jornais tinha aparecido a notícia do aparecimento dum rapazinho de sete anos, que sabia rezar uma desconhecida oração ao Anjo da Guarda, da qual se transcrevia uma parte. A boa senhora exultou de alegria: aquela era a oração que ela tinha ensinado tantas vezes ao seu filhinho desaparecido misteriosamente há quatro anos. Nossa Senhora tinha escutado as suas orações.

Apresentou-se na esquadra da Polícia e afirmou:

– O rapazinho encontrado é certamente o meu filho Eugênio.

– Vamos ver se é verdade – responderam os frios homens da lei, enquanto lhe pediram que dissesse a oração até ao fim.

Confrontando as palavras da mulher com a cópia inteira que todas as esquadras da Polícia tinham recebido, reconheceram que havia inteira coincidência, mesmo até às palavras finais, não publicadas nos jornais, mas recebidas na esquadras.

A prova era indubitável! A feliz mãe parte, para a terra onde se encontrava redivivo o filho de tantas orações. A mãe e o pequenino abraçaram-se alegremente. Rezaram mais uma vez a oração ao Anjo da Guarda, que tinha servido de pista para se encontrarem.

Ainda que pareça um romance, este caso aconteceu realmente. O rapto do petiz verificou-se em Abril de 1894 e o seu encontro, quatro anos mais tarde, em 1898. O pequeno chamava-se Eugène Loup (Eugénio Lobo), tendo sido apanhado pelos ciganos em Fains, povoação entre Reims e Nancy. O encontro com a mãe verificou-se na cidade Amiens.


Fonte: Revista “Cruzada” – Braga, Portugal – Outubro – 2002 – pgs. 273-276.

CONTOS CIGANOS


1. A cruz dos ciganos
Conto de amor e ódio entre duas raças que podiam e deviam ter uma coexistência pacífica. Mas a intolerância dos não–ciganos leva os nômades ao desespero e ao eterno ir e vir. Os ciganos consideram a terra como sua pátria por isso não reconhecem fronteiras, nem têm hinos ou bandeiras. São gente do mundo, amam a paz. Merecem nosso respeito.

Ele lera coisas difíceis de acreditar contra os ciganos e decidiu investigar, pois duvidava como são Tomé. Assim, integrou-se a um grupo cigano e com ele viveu. Um grande amor aconteceu e grandes dramas se passaram. Correrias, tiroteios, chacinas... O povo-do-caminho sobreviveu? Enfim, houve justiça e como...

2. O último raio de luz
Dolorosa história de um menino cigano e sua amiga não-cigana. Todos somos irmãos e deveria prevalecer o mandamento do Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.

3. O visitante da estrela
Aqui se vê que os ciganos vêm das estrelas. É um conto para jovens onde se dá interessante diálogo entre Deus e um anjo que se recusa ir a Terra. Mas ele tem que obedecer a Deus, para manter o equilíbrio cósmico, então recebe a honra de nascer nômade.

4. Quando os ciganos eram amados
É um conto de muito lirismo, evocando um tempo fantasioso onde os ciganos e não-ciganos podiam conviver em harmonia e respeito. Entretanto, basta um pequeno incidente para que se levantem dúvidas sobre a honradez dos filhos do vento, apesar de favores que eles prestam à comunidade.

5. Dies irae
Relata um trágico incidente ocorrido no Estado de Goiás há cinqüenta anos atrás. Um fazendeiro acreditou que sua filha tinha sido morta ou raptada por ciganos. Daí, enlouquecido e sem considerar o mal que ia fazer pegou seu caminhão e se dirigiu ao acampamento dos ciganos. Passou por cima de tudo e matou velhos, mulheres crianças e animais. Depois se soube que houve um engano a filha não morrera. É uma trágica história onde sobreleva o preconceito milenar contra os caminhantes.

6. Fantasmas
Conto sobrenatural, onde a realidade não é o que parece. Um fazendeiro perseguia sempre ciganos e os matava impiedosamente. Porém, um dia ele teve que ajustar contas com seu passado e, como castigo, foi designado a ir e vir por tempo infindo, do local do crime à fazenda do irmão, sem compreender porque isto acontecia.

7. Parecença
Quando os ciganos chegam, mudam o ambiente. Trazem luz e alegria através das danças pelo malhar das forjas, os negócios, o circo. Não querem o mal de ninguém, mas o destino às vezes tem outros caminhos e coisas dolorosas acontecem, independentes da vontade e da atuação do povo da estrada.

8. Naema
Estranha história de um homem que casou com uma mulher que mais parecia o coisa-ruim. Com pode uma mulher descer tanto? Como pode ser tão fria e traíra? Seja como for este conto nos mostra que o bem, cedo ou tarde triunfa sobre o mal.

9. Por amor a Mikaela
Comovente estória de um amor impossível entre uma cigana e um não-cigano. Mas se amavam tanto que superaram as barreiras da vida e, no além, continuaram a se amar e foram felizes além da vida.

10. Beijo
E Beijo não se rendeu... De como os poderosos, nos velhos tempos, tinham direito de vida e morte sobre os outros seres humanos. Estória de amor e vingança de um homem contra o assassino de sua mulher. Nos tempos dos tropeiros, só os nômades conseguiam rivalizar com eles em caminhos tão inacessíveis.

11. Além das águas do Estige
É possível um grande amor superar a própria morte? Quem sabe... Será que ela o amava ou ele se enganou redondamente... “Amor... Engano que na campa finda!”

12. Zero
Ah! Como ele era infeliz... Nada dava certo para ele. Desde a infância fora um ser muito solitário. Na juventude nada melhorou. Ele era um perdedor: infeliz no jogo e no amor. Por que viver assim? Era um zero à esquerda da vida. Decidiu por termo à vida Então foi à beira-mar e sentou-se na escadaria esperando a maré cheia que deveria engolfá-lo. Aconteceu algo muito singular. O que foi?

13. Epopéia cigana
Beijo era um forte mas acima de tudo um grande conquistador. Sua estória contada em prosa, foi adaptada em versos pelo poeta Geraldinho. A dramática aventura do cigano Beijo que a tantos encantou na cidade de Vassouras tornou-se lenda E que lenda!

FIM DE SEMANA


Este há de ser fim de semana sereno

Sábado é dia ir para a cozinha, preparar algo especial, porque me apetece complicar a culinária e fugir do tradicional.

Consegui arranjar um prato diferente para assar no forno, se possível num fogão de lenha.

De entrada vou fazer um patê caseiro. Gosto muito de experimentar a junção de ingredientes.

Para os amigos, umas latinhas de cerveja. Gelada e da hora, para matar a sede.

A sobremesa serão petiscos caseiros, feitos por mim. Levo jeito para fazer massas.

O recheio será como fazia minha avó quando eu era pequena, chantilly e cobertura de chocolate quente, para quem quiser.

Depois há de dispor de uma ciesta, aquela madorna gostosa!

O domingo será a vez do prato francês: "SOPRÊ DO Q RESTÔ"

Calmo, sereno e feliz, é o que vos desejo para este fim de semana.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

MOÇÕES DE VERÃO


por Luana Santahelena

os destinos traçados, em nossas vidas há
estes nos seguem e se cruzam, às vezes sim
ou noutras rumam paralelos, sem um só fim
deixam ou não marcas, onde se não for será

esteja comigo na travessia, sem rumo
corija a rota de colisão, no meu radar
lança junto às moções de verão, sem cercear
rompe as amarras, cuja rota fez sereno

demanda da solidão, meu receio dos ventos
pela ventura do despertar, sem seu sinal
cujo ponto de guinada fez soçobrar nau
inda com dolo dos entes deixados mortos

seria sóbrio, fiar meu sorriso em outrem
se minha dor se fiou de terceiros viventes
lançando em mim suas maléficas sementes
árvores com frutos sem sabor, não quero bem

NOVA FACE

por Luana Santahelena

sem azimutes e perdida na noite só
estava no nascente temendo sol se pôr
não sabia do mito celta, nem de seu terror
mas queria ser a filha pagã, sem ter nem dó

o rumo vazio da viagem nos mares tristes
sem legados ou heranças dos desatinos
com a fúria dos elos perdidos dos meninos
por certo, eis os tolos com os quais tu viestes

não como uma sereia perdida e tão leviana
seu descaso profético trouxe desleixo
és um mago sem cajado, fora do eixo
sou guerreira, sempre rasteira, sou só Luana

mas não tente buscar comigo um abrigo
nada há que me faça mudar a direção
faceira, sem ser meiga, sou fruto da razão
se me pedes que dê nova face, nem ligo

MIRÍADES DE ESTRELAS


por Luana Santahelena

qual miríades de estrelas sob o firmamento
sua palavra invadiu minha alma e calou-me
para que sua voz fosse destaque de fato
onde promessa se faz digna de Salomé

não sei quem você é, nem o que lhe faz ser assim
mas não será você, nem mesmo será por mim
esta tristeza mortal que sua presença traz
mata novidades e finda sendo fulgaz

fantasma de si mesmo, sem capacidade
escreve para almas tristes e nada oferta
não sabe respeitar os demais por vaidade
crente que ações sem nexo são provas da nota

tolos de conceitos escusos e sem brilho
estão para a historia como só entulho
por não saber que respeito leva ao futuro
eleva o coração e deixa sentir-se puro

MEU PECADO


por Luana Santahelena

Existe uma triste ciência que mata pequenos poetas notívagos,
matando o que desconhece,
não aceitando o sigilo de outra alma,
pensando ser o dono do único umbigo digno de respeito.
Os profundos seres,
capazes de serem superiores por agradar o enorme universo de três pessoas.

Pedras atiram sem importa-se com seu telhado de vidro,
sem saber conjugar os verbos auxiliar, ajudar, partilhar, cooperar
ou mesmo respeitar.
Aulas ausentes na infância!

Habitam cemitérios de tristeza
daqueles que se julgam superiores a todos.
“O que me agrada é perfeito, os demais são nada”.
São obscuros na vida
e nada serão na morte.

Agradeço a existência de pessoas assim,
pois estes erros me levam a ver os dotes da soberba.
Se acaso aprender com eles,
serei mais humana com meu semelhante.

O tom negro de seu sarcasmo,
não confere com o tom cinza de seu orgasmo,
viventes que não perceberam ainda a diferença entre o umbigo e o pênis.

Sou um aprendiz na linha da vida,
sou fraca nas palavras e franca nas idéias.
Se não agrado a todos os paladares:
- Perdão!
Cometi o pecado de pensar
e pra muitos isto é ofensa.

terça-feira, 21 de julho de 2009

ECO DA VIDA


Um pequeno garoto e seu Pai caminhavam pelas montanhas.
De repente o garoto cai, se machuca e grita :
- Aai !!!
Para sua surpresa escuta a voz se repetir, em algum lugar da montanha :
- Aai !!!
Curioso, pergunta :
- Quem é você ?
Recebe como resposta :
- Quem é você ?
Contrariado, grita :
- Seu covarde !!!
Escuta como resposta :
- Seu covarde !!!
Olha para o pai e pergunta aflito : - O que é isso ?
O Pai sorri e fala :
- Meu filho, preste atenção !!!
Então o pai grita em direção a montanha : - Eu admiro você !
A voz responde :
- Eu admiro você !
De novo o homem grita : - Você é um campeão !
A voz responde :
- Você é um campeão !
O garoto fica espantado sem entender nada.
Então o pai explica :
As pessoas chamam isso de ECO, mas na verdade isso é a VIDA.
Ela lhe dá de volta tudo o que você diz ou faz.
Nossa vida é simplesmente o reflexo das nossas ações.
Se você quer mais amor no mundo, crie mais amor no seu coração.
Se você quer mais responsabilidade da sua equipe, desenvolva a sua responsabilidade.
Se você quer mais tolerância das pessoas, seja mais tolerante.
Se você quer mais alegria no mundo, seja mais alegre.
Tanto no plano pessoal quanto no profissional, a vida vai lhe dar de volta o que você deu a ela.
SUA VIDA NÃO É UMA COINCIDÊNCIA;

SUA VIDA É A CONSEQÜÊNCIA DE VOCÊ MESMO !!!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

FELIZ DIA DO AMIGO


"Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o encontrou, encontrou um tesouro. Ao amigo fiel não há nada que se compare, pois nada equivale ao bem que ele é. Amigo fiel é bálsamo da vida; os que temem o Senhor vão encontrá-lo."
Quem teme o Senhor orienta bem sua amizade: como ele é, tal será o seu amigo"

(Eclesiástico 6,14-17)

domingo, 19 de julho de 2009

NASCEMOS PRA BRILHAR


Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos. Um filme mais ou menos, uma balada mais ou menos.
Tudo perda de tempo. Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, sua paixão, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia."
Por isso, na minha vida tudo é muito intenso.... Tudo que é mais ou menos é deixado de lado, ao gosto do vento..... É, talvez seja radicalismo... sei lá...rsrs.
Gosto ou não gosto, importa ou não importa, oito ou oitenta.... Eu quero muito da vida, eu quero alegria "verdadeira", eu quero maisssssss, sempre maissssssss.... Mais amor, mais dor, mais calor, mais frio, mais branco, mais preto, mais brilho.... Ahhhhhhhh!!!!....Prefiro assim, como dizia o poeta: "A vida é para ser sonhada, para ser vivida [...]" .
O comodismo, o conformismo, o cinza não cabe em mim....
Afinal, nascemos para brilhar, seja como estrela, lanterna ou mesmo ou vaga-lume....

sábado, 18 de julho de 2009

ABRINDO A PORTA


"Numa terra em guerra, havia um rei que causava espanto. Cada vez que fazia prisioneiros, não os matava, levava-os a uma sala, que tinha um grupo de arqueiros em um canto e uma imensa porta de ferro do outro, a qual haviam gravadas figuras de caveiras.

Nesta sala ele os fazia ficar em círculo, e então dizia:

- vocês podem escolher morrer flechados por meus arqueiros, ou passarem por aquela porta e por mim lá serem trancados. Todos os que por ali passaram, escolhiam serem mortos pelos arqueiros.

Ao término da guerra, um soldado que por muito tempo servira o rei, disse-lhe:

Senhor, posso lhe fazer uma pergunta?

- Diga, soldado. - O que havia por trás da assustadora porta? - Vá e veja.

O soldado então a abre vagarosamente, e percebe que a medida que o faz, raios de sol vão adentrando e clareando o ambiente, ate que totalmente aberta, nota que a porta levava a um caminho que sairia rumo a liberdade. O soldado admirado apenas olha seu rei que diz:

Eu dava a eles a escolha, mas preferiram morrer a arriscar abrir esta porta.

Quantas portas deixamos de abrir pelo medo de arriscar? Quantas vezes perdemos a liberdade, apenas por sentirmos medo de abrir a porta de nossos sonhos?"

AVANCE SEMPRE!!!


Na vida as coisas, às vezes, andam muito devagar. Mas é importante não parar. Mesmo um pequeno avanço na direção certa já é um progresso, e qualquer um pode fazer um pequeno progresso.

Se você não conseguir fazer uma coisa grandiosa hoje, faça alguma coisa pequena.
Pequenos riachos acabam convertendo-se em grandes rios.

Continue andando e fazendo.

O que parecia fora de alcance esta manhã vai parecer um pouco mais próximo amanhã ao anoitecer se você continuar movendo-se para frente.

A cada momento intenso e apaixonado que você dedica a seu objetivo, um pouquinho mais você se aproxima dele.

Se você pára completamente é muito mais difícil começar tudo de novo.

Então continue andando e fazendo. Não desperdice a base que você já construiu. Existe alguma coisa que você pode fazer agora mesmo, hoje, neste exato instante.

Pode não ser muito mas vai mantê-lo no jogo.

Vá rápido quando puder. Vá devagar quando for obrigado.
Mas, seja, lá o que for, continue. O importante é não parar!!!

JOGO DA VIDA



No jogo da vida, precisamos treinar muito e jogar bem.

Se nosso time sabe o que fazer em campo, sem se importar com a torcida contrária, a vitória desenhada nos vestiários, se tornará uma realidade.

É preciso, porém muito cuidado com os cartões vermelhos, é tudo o que o adversário deseja para os nossos atletas.

No jogo da vida o importante é não se preocupar com o placar (pois podemos estar perdendo), e não se preocupar com os ataques do outro time, mas fazer “os gols” necessários para a conquista da vitória.

Saber viver, saber enfrentar as pressões do dia-dia, saber driblar as dificuldades e olhar firmemente para o objetivo, deve ser o alvo de todo aquele que caminha, que corre, que se leve, que vibra nos gramados da vida.

ACREDITE EM VOCÊ!


A vida coloca em nossos destinos pessoas e obstáculos,
A cada obstáculo uma surpresa, as vezes estas surpresas são desagradáveis
Basta saber lidar com esta situação e daremos a volta por cima.

As pessoas que passam pelo nosso caminho deixam marcas,
Algumas deixam marcas inesquecíveis e agradáveis de se lembrar
E outras deixam marcas de dor e sofrimento, mas é só encará-las de frente.

Superar situações é sinal de força e coragem,
Mas às vezes começamos a nos decepcionar sem tentar superá-las
E nos damos por vencidos, mas levante a cabeça e encare todas elas com justiça e sabedoria.

As vezes pensamos em desistir de tudo e de todos, e nos entregar de corpo e alma a uma pessoa,
Mas pense bem, será que esta pessoa merece todo este sacrificio?
Não haja por impulso, sempre pare, pense e reflita, com calma, justiça e sabedoria.

Não deixe de lutar pelos seus ideais e pro tudo aquilo que você acha que é o certo a fazer...
Nunca magoe uma pessoa, pois depois você pode ser magoado...
Nunca deixe a inveja, mentira e ambição tomarem conta de você,
lute contra as coisas que vão causar dor e sofrimento...

Lembre-se sempre a vida é para ser vivida com cuidado e sabedoria,
Aproveite para fazer as pazes com as pessoas que você teve algum desentendimento
E nunca esqueça que você é a peça fundamental para fazer um mundo melhor para se viver..
E a vida também é construída por você,
então à construa da melhor maneira possível e não deixando imperfeições

LIBERDADE


Nós ciganos só temos uma religião: a liberdade.
Em troca dela renunciamos à riqueza,
ao poder, à ciência e à sua glória.
Vivemos cada dia como se fosse o último.
Quando se morre, se deixa tudo:
um miserável carroção ou um grande império.
E nós cremos que naquele momento
é muito melhor termos sido Ciganos do que reis.
Não pensamos na morte.
Não a tememos, eis tudo.
O nosso segredo está em gozar a cada dia
as pequenas coisas que a vida nos oferece
e que os outros homens não sabem apreciar:
uma manhã de sol,
um banho na nascente,
o olhar de alguém que nos ama.
É difícil entender estas coisas, eu sei.
Ciganos se nascem.
Gostamos de caminhar sob as estrelas.
Contam-se coisas estranhas sobre os Ciganos.
Dizem que leem o futuro nas estrelas
e que possuem o filtro do amor.
As pessoas não creem
nas coisas que não sabem explicar.
Nós, ao contrário,
não procuramos explicar as coisas nas quais cremos.
A nossa é uma vida simples, primitiva.
Basta-nos ter o céu por telhado,
um fogo para nos aquecer
e as nossas canções,
quando estamos tristes.

APRENDI!...


Que os anjos existem,
se fazem presentes nos corações puros,
Que devo aceitar minhas dores com resignação,
Que amigos são tesouros,
e devem ser guardados na caixa forte chamada coração...

Que os dias se vão
e não voltam, dai a necessidade de procurar viver cada segundo...

Que de nada adianta tÍtulos,
se não conseguirmos ser vistos e chamados por filho de Deus!

Que a natureza nos serve desde o amanhecer até o anoitecer,
e só nos pede respeito...

Que aceitar minhas derrotas é mais fácil quando as vejo como aprendizado...

Que amor, não está somente em lençóis, e sim no companheirismo...

Que de nada servem as moedas se forem utilizadas somente para mim,
não podendo auxiliar meu irmão ao lado...

Que a dor de cada um é sempre a maior, pois difícil será senti-la pela pessoa que sofre...

Que o sol me aquece,
que a lua me faz sonhar,
que os pássaros me acalmam,

Que enfim...
Deus
a cada segundo cuida de mim...

Então...
O que me custa amar a meu próximo e fazê-lo feliz?...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

MENSAGEM PARA O FINAL DO DIA


"Crie filhos em vez de herdeiros."

"Dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete."

"Não deixe que o trabalho sobre sua mesa tampe a vista da janela."

"Não é justo fazer declarações anuais ao Fisco e nenhuma para quem você ama."

"Para cada almoço de negócios, faça um jantar à luz de velas."

"Por que as semanas demoram tanto e os anos passam tão rapidinho?"

"Quantas reuniões foram mesmo esta semana? Reúna os amigos."

"Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça, vírgulas significam pausas..."

"Você pode dar uma festa sem dinheiro. Mas não sem amigos."

sábado, 11 de julho de 2009

UMA HISTÓRIA CIGANA



Todos sentados em volta da grande fogueira, hoje a música serve como fundo, o pai grande conta uma de suas histórias, as crianças adoram e é assim que elas aprendem os costumes ciganos.
Desta vez todo o acampamento está atento para ouvir o que ele vai contar, é a sua história, como ele chegou ali e como Deus escreve certo por linhas tortas.

O velho cigano pigarreou e começou a falar:

- Quando completei 14 anos consegui finalmente dar um rumo a minha vida.
Vida é um modo carinhoso de encarar o que eu passei, muito sofrimento, muita injustiça.
Não conheci meus pais, vivia em uma casa muito antiga e que havia se transformado em uma espécie de orfanato, ali muitas crianças que eram abandonadas à própria sorte encontravam um lar, muitas haviam perdidos seus pais na guerra, mas este não era o meu caso.
A grande verdade é que aquele lugar mais parecia uma prisão, eu por exemplo, passava fome, era maltratado pelas freiras que dirigiam aquele lugar que eles chamavam de instituição.
Eu não era o único a sofrer, todos sofriam, por nada apanhávamos, castigos diários e... por nada ficávamos sem jantar.
As religiosas comiam do bom e do melhor, na mesa delas muita fartura, carnes, pães, frutas e nós as crianças disputávamos as sobras com os ratos e com as crianças mais velhas.
Nem todas conseguiam sobreviver aos maus tratos, à falta de higiene, a fome aos poucos nos derrotava. Muitas crianças ficavam pelo caminho.
- Ficavam pelo caminho? Perguntou uma criança
- Sim. Meu filho, morriam.
- Para as freiras, era a vontade de Deus, enterravam o enjeitado ( era assim que ela nos chamava ) e logo era esquecido por todos.
Crianças morriam, crianças chegavam. Era uma roda viva onde os mais fortes conseguiam se manter vivos..
Apesar de todas as dificuldades aprendi a sobreviver, fazia de tudo para não ser notado, sempre que era possível roubava comida das freiras e escondia.
Novamente foi interrompido por outra criança:
- Vô você roubava?
O velho cigano sorriu e disse:
- Roubar é o modo de dizer, eu pegava aquilo que nos pertencia por direito, a comida que chegava naquela casa era para as crianças e nós não recebíamos, agora roubar é pecado e vocês já sabem disso, não preciso repetir.
Todos concordaram com um sinal da cabeça
- Continuando, de fome eu não iria morrer como tantos outros, fui egoísta eu sei.
- O que é egoísta vô?
- Egoísta é a pessoa que só pensa no bem estar dela e esquece dos outros, nunca sejam assim, eu fui nesta época da minha vida e me arrependo até hoje. Mas naquele tempo era uma guerra pela sobrevivência, os mais fortes sempre levavam vantagem contra os menores e os mais fracos, então eu guardava aquela comida só para mim, era meu segredo e dele dependia minha vida.
- Vida sofrida pai grande. Disse uma cigana
- Pois é minha filha, mas estou aqui.
- Continue pai
- Como eu disse de fome não morreria, tinha que evitar as surras e não podia ficar doente, naquele tempo não tive um amigo naquele lugar e não fui eu quem quis assim, sempre fui discriminado pelas freiras e também pelos companheiros na desgraça.
- O que é discriminado?
Paciente o velho cigano explicou, discriminado é você ser tratado como uma pessoa diferente, não ser aceito pelos outros, ser humilhado e é com uma dor no coração que digo: vocês que ainda não passaram por isso com certeza um dia irão passar, portanto aprendam a ser fortes para suportar esse fardo.
- Eu sou forte. Disse um ciganinho
Todos caíram na gargalhada.
- Não pare pai grande, queremos saber tudo
- Pois muito bem, me chamavam de cigano, de ladrão, filho de rameira e muitos outros nomes que nem ouso repetir em frente as crianças, os mais velhos me batiam e a hora da surra era sempre quando chegava aquela lavagem que chamavam de comida.
- O que é lavagem?
- Mas você é cigano vô
- Porque batiam no senhor?
Todos queriam perguntar ao mesmo tempo e o grupo cigano se divertia com a curiosidade das crianças.
- Calma criançada, eu explico.
Lavagem são os restos de comida que dão aos animais, esse era o nosso alimento. Cigano eu sou, mas naquela época eu ainda não sabia .e por fim me batiam porque eu era um dos menores, além de ruim a comida era pouca e só os mais fortes conseguiam pegar a sua parte, aos pequenos ficavam as sobras.
- Gente ruim né vô ?
O velho nem respondeu, concordava com a criança..
- Agora voltando à história, a primeira vez que eu os vi devia Ter uns 7 ou 8 anos de idade, estávamos todos amontoados no que eles chamavam de area de descanso, tomando sol e a caravana cigana passou na estrada. Todos se espremeram nas grades do portão para olhar aquele grupo de pessoas, alguns meninos xingaram e um deles olhou para mim e disse:
- Olha lá o teu povo, ladrãozinho, quem sabe tua mãe não está dormindo com um deles.
- Minha vontade era de matá-lo, mas a chance de eu morrer era maior, então abaixei a cabeça e me afastei chorando de raiva.
- A cada seis ou oito meses passava uma caravana cigana e sempre acontecia a mesma coisa, xingavam, ofendiam e quando o grupo cigano sumia na estrada as ofensas eram para mim.. Confesso que ser chamado de cigano uma ofensa maior que ser chamado filho de rameira, enjeitado, mas não teve jeito esse passou a ser o meu apelido e minha cruz. Mas até isso me deu forças para continuar lutando pela minha sobrevivência.
Com o passar do tempo me acostumei ao meu modo de vida, fazia de tudo para não ser notado, nem pelas freiras, nem pelos companheiros, não entrava mais na disputa pela comida, raras vezes me batiam e eu sabia suportar.
- E o senhor não tinha fome? Perguntou outra criança.
- Claro que tinha, mas eu suportava até a noite. Ficava sem o almoço, sem o jantar e quando todos iam dormir, saía da cama devagarinho e ia ao meu esconderijo pegar comida. Ah! Como eu comia, riu o velho cigano, e precisava comer mesmo, minha próxima refeição seria somente na próxima noite.
- E não faltava comida? Perguntou um jovem cigano.
- Não meu filho, nunca deixei aquele lugar sem comida,
sempre que tinha oportunidade pegava tudo que servisse como alimento e escondia, afinal minha vida dependia do que eu conseguisse arranjar e esconder.
- Essa boa fase de minha vida durou alguns meses, mas todos estranhavam, como era possível não comer e não Ter fome, não ficar doente, não emagrecer, era um mistério que ninguém conseguia explicar. Agora além de cigano, ladrão me chamavam de bruxo.
- O senhor fazia feitiço? Perguntou uma menina
- O riso tomou conta do grupo
- Claro que não. Mas era realmente estranho e todos ficavam tentando adivinhar o que acontecia, aliás todos não, as religiosas nem sabiam quem comia ou deixava de comer, para elas pouco importava.
- Novamente a mesma criança fez o comentário:
- Gente ruim. Né vô?
- Muito ruim mesmo minha menina.
- Então certa noite, estava com muita fome e cometi meu primeiro e último erro. Achando que todos já estavam dormindo levantei pé ante pé e fui ao meu esconderijo, não tive tempo nem de colocar um pedaço de pão na boca, fui descoberto.
- Um dos garotos descobriu pai grande?
- Se fosse apenas um com certeza eu teria conseguido controlar a situação, não era um, acho que todos esperavam esse dia.
- O que aconteceu vô?
- Primeiro comeram tudo que eu tinha guardado, e eu até entendo, também tinham fome, mas depois fui surrado por todos, os maiores me socavam e quando caí os menores me chutavam, fui jogado de um lado para o outro, eles me odiavam.
- Coitado do vô. As crianças estavam desoladas
- O cigano deu um sorriso triste e continuou, queria esquecer aquele dia mas precisava passar adiante a sua história.
- Tanto barulho, tanta algazarra, meus gritos acabaram acordando as religiosas, chegaram furiosas atacando todo mundo e eu que achava que ia morrer nas mãos delas meu enganei, elas me salvaram. Mal conseguia ficar de pé, os dois olhos pareciam manchas escuras, não conseguia abrí-los e sangue muito sangue saía de minha boca, perdi dois dentes.
- O silêncio de todos parecia reviver o momento pelo qual o velho cigano havia passado.
- O velho abriu a boca e mostrou dois dentes de ouro e falou:
- Estes foram os dentes que perdi
- O que está acontecendo aqui? Gritou a religiosa
Vendo que todos iriam ser castigados começaram a contar o que haviam descoberto. Eu mal conseguia enxergar, mas os olhos da freira pareciam duas labaredas de fogo e ela apesar do meu estado ainda me deu uns tapas e arrastou-me dali gritando para que todos fossem dormir.
Fui jogado no porão, meus ferimentos sangravam, a dor era muita, mas a fome superava tudo, estava sem colocar nada na boca a mais de um dia.
- E como foi sua noite pai grande?
- Gostaria de esquecer mas não consigo, foi horrível meus amigos, aquele porão parecia uma tumba, um mal cheiro terrível, ratos e baratas habitavam aquele lugar, passei a noite sem dormir, o sono vinha e eu conseguia espantá-lo, se dormisse seria atacado pelos ratos e baratas que pareciam esperar que isso acontecesse. Foi difícil mas consegui suportar. Eu até achava que merecia o que havia recebido dos companheiros, mas das freiras não, tudo que eu fiz foi para continuar vivendo.
- Nossa vô e o senhor chorou?
- Chorei sim, afinal eu era uma criança como vocês, hoje não choro mais.
- Continue pai grande
- Está bem vou continuar, alguém pode me trazer uma caneca de vinho, a garganta está seca.
- Eu vou buscar. Disse uma cigana. Me espere antes de continuar
- Então vamos todos fazer uma parada, depois voltamos
- O grupo se desfez e cada um foi para sua tenda ou carroça, beber uma água, colocar os pequeninos para dormir, fazer suas necessidades.
- A caneca de vinho chegou e o velho cigano se recostou para bebê-la, ficou admirando o acampamento, como era bom ser cigano, ser livre, amante da natureza, abaixou a cabeça e agradeceu a Deus pela vida que hoje tinha, fechou os olhos e dormiu..


Aos poucos os ciganos foram retornando, estavam todos curiosos em saber a história do velho cigano.
- Vamos lá pai, estão todos aqui
Acordou sem saber onde estava, ao ver o grupo em sua volta sorriu.
- Onde eu parei?
- O senhor estava preso no porão machucado e com fome. Disse uma ciganinha.
- Ah! É verdade. Continuando, aquela foi uma noite que parecia não Ter fim, mas consegui atravessá-la e pela manhã fiquei esperando que alguém viesse em meu socorro, me enganei. Passei a manhã inteira vendo o sol por uma pequena janela, ouvia as outras crianças falando, mas ninguém se lembrava de mim, parecia que eu nunca havia existido.
Uma ciganinha de uns 12 anos ouvia a historia e lágrimas desciam do seu rostinho, o velho tirou o lenço que tinha no pescoço e limpou aquelas lágrimas que teimavam em correr.
- Não chore ciganinha, nós somos fortes e abençoados, olha o vovô como está feliz hoje.
- Não pare pai, continue a história pediu um cigano
- No início da tarde, acho que já era tarde, não tinha como saber por aquela janelinha entraram no porão, eram duas freiras, traziam um pedaço de pão e uma jarra com água, deixaram logo na entrada, antes de sair uma delas disse:
- Olha aí cigano, isso é seu e jogou algo que na pouca claridade nem vi o que era. Guarde com você, se morrer quem sabe por isso descobrem quem você é.
- Trancaram a porta e se foram.
- O que era vô? O que ela jogaram?
- Calma, eu chego lá. Primeiro precisava beber água e comer alguma coisa, então devorei aquele pedaço de pão duro e bebi muita água, mas deixei um pouco, não sabia quando elas iam voltar, ainda rasguei as mangas da minha camisa, molhei na água e limpei meus ferimentos, ainda doíam mas já dava para suportar, em seguida fui procurar o que a freira tinha jogado, tateei por onde achava que havia caído e por fim encontrei.
- O que era vô?
- O velho abriu a camisa e mostrou a corrente e o medalhão, não era ouro, não era uma jóia, não era bonito,era de cobre, mas tinha uma estrela de seis pontas, era chamada também de a estrela de Davi.
- Todas as crianças queriam ver o medalhão e o cigano tirou e deixou que as crianças admirassem e logo veio a pergunta:
- O que é essa estrela?
O velho cigano pacientemente explicou:

Simboliza proteção. É usado como talismã de proteção contra inimigos visíveis e invisíveis. Ela também é conhecida como Estrela Cigana e Estrela de Davi. A Estrela Cigana é o símbolo dos grandes chefes ciganos. Possui seis pontas, formando dois triângulos iguais, que indicam a igualdade entre o que está à cima e o que está a baixo. Representa sucesso e evolução interior.

Os mais velhos entenderam a explicação, as crianças nem tanto, mas elas eram novinhas tinham toda a vida pela frente para aprender os costumes e depois passa-los as próximas gerações.

- Naquela época eu não sabia nada disso, mas como a freira disse que era minha guardei, era meu tesouro, eu que não tinha nada agora tinha um tesouro, coloquei no pescoço e tentei dormir enquanto havia um pouco de claridade.
- Não sei quanto tempo dormi, já estava escuro quando acordei ou melhor fui acordado pelos insetos, levantei depressa batendo na roupa para espantá-los. Ninguém havia aparecido para saber se eu ainda vivia, meus olhos estavam pesados e tornei a dormir.
- Cigano
- Cigano
Alguém me chamava mas não dava para enxergar, senti raiva por ser chamado de cigano, mas era alguem que talvez viesse me ajudar, então gritei :
- Estou aqui
A voz que me chamava era linda, nunca tinha ouvido algo semelhante, parecia uma música e aquele porão fétido e escuro de repente se iluminou, não consegui ver o seu rosto, meus olhos machucados, aquela luz brilhava tanto que parecia me cegar,forcei a vista e tudo que consegui ver foi um vulto de mulher e ela voltou a falar:
- Cigano porque você renega seu passado?
- Não entendi nada, mas fingi que havia entendido. Ela na hora viu que eu estava mentindo e explicou:
- Quando eu digo passado ciganinho quero dizer suas raízes, sua gente, seus antepassados.
- Que passado? Meu passado era hoje e meu futuro também, cheguei a pensar que estava morrendo.
- A partir de hoje você deve se orgulhar do que é, deve respeito aos seus pais embora não os tenha conhecido, deve honrar toda a nação cigana.
- E o que eu sou senhora?
- Você é um cigano.
- Pronto, mais um me chamando de cigano e eu estava começando a gostar dela. Na verdade acho que ela lia meus pensamentos e ela voltou a falar:
- Não sente vontade de ser livre? Não se sente discriminado por todos? Não sofreu na própria pele a maldade dos homens e no seu caso também das mulheres.
Era verdade, tudo que ela falou acontecia e estava acontecendo comigo, puxa vida eu era cigano mesmo.
- Guarde o seu tesouro menino ele te levará ao teu povo.
- Como assim? Me levará ao meu povo?
- Tempo ao tempo cigano, você não está sozinho.
Então aquela luz foi se apagando aos poucos e voltou a escuridão.
- Quem era aquela moça vovô.
- Era um anjo. Minha menina, um anjo de luz.
- Não pare pai, continue queremos saber como termina sua história!
- Era um anjo minha gente e ele passou a me ajudar, era um enviado de Deus, mas continuando, fiquei aquela noite acordado, sentia frio, meus dentes, aqueles que sobraram batiam um no outro, estava doente e sentia a vida me abandonando aos poucos, pela manhã abriram aquela porta e desta vez me carregaram para fora. A luz do dia me cegou, meus olhos machucados já estavam se acostumando com a escuridão, estava muito debilitado, não conseguia permanecer de pé e as crianças ficaram todas em volta curiosas para saber se eu conseguiria sobreviver, elas achavam que não, mas eu tinha certeza que sim, afinal eu era um cigano.
Desta vez todos bateram palmas, as crianças, os jovens, os adultos o orgulho de ser cigano era passado de geração a geração.
O velho cigano sorriu, seu povo era e continuaria sendo orgulhoso de suas raízes, dava para sentir na alegria das crianças. Por um momento ficou parado olhando a lua, mas foi chamado de volta para continuar sua narrativa.
- Pois é minha gente, dei um trabalho danado para aquelas religiosas, não sei o por quê, mas queriam minha cura a qualquer preço e não mediam esforços para isso, fui tratado, alimentado, me deram roupas e aos poucos fui me recuperando, elas deviam estar esperando uma visita das autoridades, mas elas nunca apareceram. Agora o mais importante aconteceu, as outras crianças passaram a me respeitar, ninguém mais me agredia e deixaram de me chamar de cigano, só que eu queria ser chamado de cigano e foi o que fizeram, portanto ontem, como hoje e... sempre sou cigano!!
- Todos somos pai. Disse um jovem.
- É verdade filho, mas voltando a história visto que a hora já se faz, para mim tudo mudou, podia dizer que tinha uma nova vida, mas não estava feliz, o coração cigano falava mais alto, o desejo por liberdade aos poucos me agitava, devia haver alguma maneira de me libertar daquela prisão e foi o que fiz.
- O que o senhor fez vô?
- Eu fugi minha menina, como um pássaro voei para a liberdade, não sabia o que iria encontrar, não conhecia nada fora daqueles portões, mas eu era cigano, nasci livre e livre ia permanecer não importava as conseqüências. Sendo assim em certa noite pulei aqueles portões e peguei a estrada, aquela mesma que tantas vezes vira a caravana cigana passando, a ultima já fazia vários dias que havia passado então segui pelo mesmo caminho, quem sabe com um pouco de sorte eu os alcançaria.
- E o senhor os encontrou pai?
- Calma, eu chego lá. Caminhei ao lado daquela estrada por uma boa parte da noite, não sabia se estavam me procurando, deitei embaixo de uma arvore e dormi tendo o céu e as estrelas como companheiros, como era bom ser livre.
- Nada como viver com a natureza não é vô?
- Verdade minha menina, não tem ouro que pague esta nossa vida,
O velho cigano deu uma pausa, revivia aqueles momentos e foi um ciganinho quem o trouxe de volta a realidade.
- Não pára vô, a história é boa.
- Está certo menino, vamos em frente. Naquela noite ela voltou, parecia mais linda tendo as estrelas e a lua refletindo em seus cabelos, o meu anjo voltou.
- Cigano
- Estou aqui senhora.
- Como você se sente meu filho?
- Cansado, com fome com sede, mas feliz como nunca, senhora. Obrigado por abrir meus olhos e me guiar no meu destino.
- Seu destino ainda está distante, mas o mais importante é que você meu menino está no caminho, tenha fé, acredite, Deus guiará seus passos e eu estarei sempre ao seu lado.
- Acordei com o sol batendo em meu rosto, a fome e a sede vieram fazer companhia, mas meu destino era seguir sempre em frente, como o anjo havia me dito eu estava em busca do meu povo. Continuei caminhando e encontrei uma plantação de milho, peguei algumas espigas e segui comendo, não era uma refeição, mas ajudou a me manter forte, só precisava encontrar água e eu encontrei também, meu anjo estava comigo. Pelo visto ninguém se incomodou com a minha fuga, então voltei a caminhar pela estrada, depois de um certo tempo caminhando ouvi o barulho de uma algo que vinha pela estrada fiquei na duvida se devia ou não me esconder, resolvi esperar que se aproximasse e ela foi chegando, era uma velha carroça dirigida por um senhor puxada por dois cavalos, ao me ver parou e perguntou:
- Para onde está indo menino?
- Boa tarde senhor, estou em busca do meu povo, passaram por aqui a alguns dias e estou tentando alcançá-los.
- Então você é cigano menino?
- Pensei antes de responder, e se ele odiasse os ciganos? Mas alguma coisa me dizia para falar a verdade.
- Sou cigano senhor, com muita honra.
- O velho sorriu, uma gargalhada amistosa e falou;
- Tão jovem e tão orgulhoso, continue assim menino. Vamos lá pode subir e se sentar aqui ao meu lado, seu destino é o meu, também estou indo encontrar o povo cigano, deu me algo para comer, água para matar minha sede e seguimos viagem.
Lourenço era o nome desta boa alma que agora estava me ajudando, comerciante do vilarejo próximo negociava com os ciganos a muito tempo, trocava mantimentos pelos artefatos que a nação cigana fazia, era muito estimado pelos ciganos e me disse durante a viagem que se pudesse escolher queria ter nascido cigano como eu.
- Já estamos chegando menino, logo ali adiante está o acampamento, você poderá encontrar seus amigos, tomar um banho, trocar essas roupas imundas.
- Fui obrigado a contar minha historia para esse novo amigo e ele ficou penalizado com o que eu havia passado.
- É meu amiguinho, você tão novo e já conheceu a maldade que existe no coração das pessoas, mas Deus é grande, prova disso é que estamos indo ao encontro da sua família.
Já dava para ver uma fumaça branca no horizonte, era o acampamento cigano, meu coração disparou, não sei explicar o que eu senti naquele momento, mas era bom. Finalmente, adentramos no acampamento cigano, não sei como, mas me senti em casa, alguns homens vieram ao encontro da carroça cumprimentaram Lourenço e a mim, descemos da carroça e nos foi servido algo para beber, eu estava muito cansado.
Lourenço chamou um homem de lado e ficaram conversando por alguns minutos, em seguida este cigano veio até onde eu estava e disse:
- Venha comigo menino, vais tomar um banho, ganharás novas roupas, se tens fome vais comer e em seguida Lourenço te levará até o Pai Grande.
Fui levado até uma grande tenda, ali havia uma tina com água, outra vazia e Ramon esse era o nome do cigano pediu que eu tirasse água de uma e tomasse meu banho na outra.
- Não tenha pressa menino, vou providenciar roupas para você.
Enchi aquela tina com água fresca, tirei meus trapos e entrei, o contato com a água fria me trouxe ao encontro deste novo mundo que se abria para mim, agradeci a Deus e ao meu anjo por estarem me ajudando, fiz uma oração silenciosa.
- Pronto menino? Vista essas roupas, devem te servir, são do meu filho e ele tem quase o mesmo tamanho.
Agradeci e me troquei, Ramon me esperava na entrada da tenda e fomos ao encontro do Pai Grande. Que coisa linda que era o acampamento, homens, mulheres, crianças todos fazendo alguma atividade olhavam para mim curiosos, mas ninguém disse nada. Entramos na tenda do chefe do grupo, aquele que todos chamavam de Pai grande, meu coração queria sair pela boca, o que será que ele ia falar?
- Seja bem vindo filho de Ramires, eu nunca perdi a esperança que um dia você ia entrar nesta tenda. Levantou-se e me ergueu como se eu fosse uma pena, deu-me o abraço mais carinhoso que eu recebi nesta vida, desta vez confesso que chorei, mas foi de alegria.
- Filho de Ramires? Quem Eu?
- Isso mesmo menino, Ramires foi o teu pai e Madalena tua mãe, eles não estão mais conosco, pelo menos em corpo, mas tenho certeza que em espírito devem estar radiantes pela tua chegada. Lourenço me contou a sua historia, depois você me dá mais detalhes, o importante é que chegou, está em sua casa, com o seu povo, com a sua família.
- Agradeci de coração, limpava o rosto, mas as lágrimas teimavam em cair.
- Chore menino, ainda hoje vou te contar muita tristeza e te ensinar que não somos vingativos, sabemos perdoar, mas não agora, venha conhecer seu povo. Lourenço aproveitou para se despedir do Pai Grande, já haviam descarregado a carroça de mantimentos e agora ela estava cheia de panelas, baldes, talheres de cobre, troca já fora feita. Dei um abraço naquele novo amigo e ele desejou que eu fosse muito feliz.

O pai grande agradeceu ao comerciante e disse:
- De todas as mercadorias que trouxestes, essa é a mais valiosa e me abraçou novamente.
NAÍ LOVÊ ANÊ LUMIA THIÊ POTIRIÁS EK CHAU( Não existe dinheiro no mundo que pague um filho). Siga em paz companheiro, até outro dia.

O pai me pegou pelo braço e fomos andando em direção ao centro do acampamento, logo éramos cercados por todos, esperavam ansiosos o que ele ia dizer.
- Sabem quem é esse menino?
Silêncio absoluto, ninguém sabia quem eu era!
- Ele é o filho perdido de Ramires que voltou para casa.
Desta vez o silêncio foi quebrado por um outro cigano:
- Como podes ter tanta certeza pai?
- Meu coração não se engana, mostre para eles menino.
- Meu Deus. Mostrar o que? A única coisa que tenho é o meu tesouro, será que é isto que devo mostrar? Então abri a camisa e tirei meu medalhão. A princípio ninguém falou nada em seguida fizeram uma verdadeira festa ao ver o meu tesouro, os homens me abraçavam, as mulheres me deram beijos na face, as crianças batiam palmas e um cigano me abraçou dizendo:
- Seja bem vindo filho do meu irmão, era meu tio e eu tinha uma tia, vários primos e a família cigana comigo, nunca mais estaria sozinho.
Aquela noite ficamos até altas horas à beira da fogueira, todos queriam ouvir a minha história e eu contava feliz, foi o Pai grande que me ajudou:
- Vamos deixar o menino descansar, amanhã vocês terão tempo para conversar.
Meu tio me levou até a sua tenda e disse a partir de hoje aquela é a sua cama, sempre esteve ali te esperando, fique com Deus, bom descanso.
- Obrigado
- Não me agradeça, o lugar sempre foi seu apenas guardei.
- Tio. Posso perguntar uma coisa?
- Claro menino tudo o que quiser.
- Como eram meus pais?
- Amanhã menino, amanhã você vai saber de tudo, por hora durma, descanse é o que mais precisas no momento.
Dormi como um anjo e por falar em anjo sonhei com o meu, desta vez não estava só eram dois e sorriam para mim, estavam tão felizes quanto eu estava.
No dia seguinte ninguém me acordou, deixaram que eu dormisse o tempo que fosse necessário para recuperar minhas forças, levantei e já estavam almoçando, meu tio indicou o lugar onde deveria fazer minhas necessidades, lavar o rosto e sentar ao lado de todos que sorriam com a minha chegada. Meu Deus, naquela toalha estendida no chão havia muita fartura nunca havia visto tanta comida, frutas, carne, pão e podia comer o que quisesse,
- Matou a fome vô.
- É verdade me senti um Rei. Pois muito bem, depois da refeição fui de encontro ao Pai grande que perguntou se eu estava descansado, alimentado e se eu queria mais alguma coisa. Respondi que tinha tudo que jamais havia sonhado. Ele sorriu e disse:
- Então vamos conversar.
- Vai me contar sobre meus pais?
- Vou menino, é uma história tão triste quanto a sua.
- Pai. Posso perguntar algo antes?
- Sim menino, e pode parar o que eu estiver falando sempre que tiver dúvidas, vamos lá pergunte:
- Qual o meu nome?
Ele sorriu mostrando os dentes de ouro iguais aos que tenho agora.
- Você tem o nome do seu avô. Que Deus o tenha junto com seus pais, seu nome é Diego.
Que nome lindo, então, eu sou o cigano Diego.
- Isso mesmo cigano, tenha orgulho desse nome, ele acompanha sua família à várias gerações, mas vamos falar dos seus pais.
- Vamos Pai Grande, estou ansioso.
- Há muitos anos atrás, quase na sua idade, seu pai que era o líder desse grupo mais sua mãe, eles foram a um vilarejo próximo do lugar onde estava montado nosso acampamento em busca de mantimentos, levavam o pequeno Diego no colo, nessa época você tinha menos de um ano de idade, desta vez não iriam fazer trocas e sim comprar o que faltava no acampamento, portanto, carregavam valores para a compra e desgraçadamente foram emboscados por malfeitores que andavam por aquelas bandas. Quando se passou um dia desde a sua saída e não voltaram alguns homens foram tentar encontrá-los e em plena estrada encontraram a carroça queimada, os corpos estavam a alguns metros e mostravam que eles lutaram pela vida e a perderam,
e você ,meu menino, ninguém encontrou, muitas buscas foram realizadas e nada de encontrar o filho de Ramires, as autoridades pouco se preocuparam em encontrar os culpados, afinal quem havia morrido eram ciganos e o caso foi por eles esquecido, mas não para nós sempre te procuramos e como eu disse meu coração sabia que um dia você ia voltar e ele estava certo.
Lágrimas desciam pelo meu rosto e me lembrei do meu anjo, será que era minha mãe e aquele da noite anterior devia ser o meu pai, agora eu sabia que eles estavam felizes e ao lado de Deus.
- Agora meu filho, você deverá aprender nossos costumes, nossa língua, nosso amor pela liberdade, pela mãe Natureza. Deverá conhecer nossas tradições e quando chegar minha hora é você quem vai guiar nosso povo, e pela sua experiência de vida será um grande líder, que Santa Sara ilumine o seu caminho.
- Linda história de vida Pai. Disse um jovem cigano.
- É verdade, na vida temos que superar os obstáculos que surgem em nossa jornada, que minha vida sirva de exemplo para todos vocês, não desanimem.
Aprendam a viver com esta diferença, quer queiram ou não, nós os ciganos somos diferentes, somos especiais, somos mensageiros da paz e por onde vocês passarem deixem saudades,façam com que a nossa musica continue ecoando durante muito tempo depois da nossa partida e que Santa Sara continue iluminando todos vocês.
Vamos dormir que amanhã é um novo dia.

Amigos de Sonora
Publicado no Recanto das Letras em 29/09/2007
Código do texto: T673288