sábado, 18 de julho de 2009

LIBERDADE


Nós ciganos só temos uma religião: a liberdade.
Em troca dela renunciamos à riqueza,
ao poder, à ciência e à sua glória.
Vivemos cada dia como se fosse o último.
Quando se morre, se deixa tudo:
um miserável carroção ou um grande império.
E nós cremos que naquele momento
é muito melhor termos sido Ciganos do que reis.
Não pensamos na morte.
Não a tememos, eis tudo.
O nosso segredo está em gozar a cada dia
as pequenas coisas que a vida nos oferece
e que os outros homens não sabem apreciar:
uma manhã de sol,
um banho na nascente,
o olhar de alguém que nos ama.
É difícil entender estas coisas, eu sei.
Ciganos se nascem.
Gostamos de caminhar sob as estrelas.
Contam-se coisas estranhas sobre os Ciganos.
Dizem que leem o futuro nas estrelas
e que possuem o filtro do amor.
As pessoas não creem
nas coisas que não sabem explicar.
Nós, ao contrário,
não procuramos explicar as coisas nas quais cremos.
A nossa é uma vida simples, primitiva.
Basta-nos ter o céu por telhado,
um fogo para nos aquecer
e as nossas canções,
quando estamos tristes.

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