sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Cefaléia: mitos podem atrasar o tratamento correto




Achar que o principal tratamento é com dieta ou analgésicos são alguns dos erros Quando o assunto é dor de cabeça, todo mundo tem um palpite, conselho ou dica de tratamento. As causas, então, são as mais variadas. De fato, mitos sobre enxaqueca e cefaleia tensional são disseminados e arraigados entre a população em geral. Esses mitos atrasam o diagnóstico e o tratamento correto das cefaleias. São alguns dos mitos mais comuns:

Sinusite é causa de dor de cabeça.

A sinusite crônica ou a rinite alérgica não causam dor de cabeça. Somente a sinusite aguda pode provocar alguma dor facial, geralmente, na região das bochechas onde estão os selos da face em peso e, dificilmente, de forte intensidade. E como a sinusite aguda é uma complicação de um resfriado ou gripe, sintomas como tosse noturna, obstrução nasal com expectoração amarelada ou esverdeada e febre são sintomas freqüentes nesse quadro.

Problemas oftalmológicos como a miopia, hipermetropia e astigmatismo são causas comuns de dor de cabeça. Devo usar óculos como tratamento da cefaleia.


Esse é um dos mais importantes mitos sobre as causas de cefaleias. Problemas oftalmológicos como os citados, raramente, são causas de dor de cabeça. Infelizmente, muitos pacientes com cefaleia tipo tensionais ou enxaqueca acreditam estar "tratando" sua dor de cabeça com óculos de grau ou para "repouso", tendo pouca ou nenhuma melhora.

Criança não tem dor de cabeça. Faz manha para não ir à escola.

A enxaqueca e a cefaleia tensional são as causas mais comuns de cefaleia em crianças, e cerca de 10 % delas têm enxaqueca. A dor de cabeça é o tipo de dor mais frequente nessa faixa de idade.

Hipertensão arterial é causa de dor de cabeça.

A doença hipertensão arterial não é por si só uma causa de cefaleia. Somente picos hipertensivos podem provocar dor de cabeça. O que ocorre é que ambas as doenças são muito frequentes na população e podem ocorrer na mesma pessoa, o que favorece essa relação de causa/efeito que não é verdadeira. Mesmo não hipertensos podem ter aumento da pressão arterial na crise de enxaqueca, principalmente nas mais intensas, sendo esse um sintoma em resposta à dor, e não o contrário.

Enxaqueca é causada por problemas dentários como má-oclusão e alterações da articulação têmporo-mandibular (ATM).


Realmente, distúrbios da ATM podem provocar dor no local da articulação, como também crepitações e dificuldade em abrir a boca. Não se assemelha em nada a crises de enxaqueca ou cefaleia tipo tensional e essas não devem ser tratadas com procedimentos odontológicos, já que não tem relação nenhuma com problemas dentários.

O principal tratamento da enxaqueca é dieta alimentar.

Muitas pessoas acreditam que a alimentação é a principal causa da enxaqueca. Na verdade, alimentos gordurosos, ou que contenham cafeína ou álcool, podem provocar crises em algumas pessoas. Entretanto, os alimentos não são os provocadores mais comuns. Ao contrário disso, o jejum prolongado é frequentemente deflagrador de crises. Portanto, a dieta alimentar não é a base do tratamento da enxaqueca, podendo melhorar pouco ou nada a frequência de crises para a maioria dos pacientes.

Problemas no fígado causam enxaqueca.

O fígado, assim como o estômago, não tem qualquer envolvimento na crise de enxaqueca, nem como causa nem como desencadeante. Como os sintomas de náusea, sensação de empachamento e, muitas vezes, vômitos fazem parte da crise de enxaqueca, acredita-se que esses são causados por alguma doença no fígado ou estômago. A origem das náuseas e vômitos na crise de enxaqueca é no cérebro, onde temos um "centro do vômito" que aciona esse reflexo, tanto na enxaqueca como ao assistirmos alguém vomitando.

O tratamento da enxaqueca é feito somente com analgésicos.

Essa ideia perigosa de que enxaqueca não tem qualquer outro tratamento exceto os analgésicos no momento da crise, gera automedicação e uso excessivo dessas medicações gera mais dor de cabeça, tornando a enxaqueca mais frequente. A base do tratamento é evitar as crises, seja com rotinas e hábitos orientados pelo especialista, caso a caso, ou com as medicações chamadas preventivas, que diminuem a intensidade, duração e principalmente a freqüência das crises de cefaleia.

Medicamentos que previnem dor de cabeça podem viciar ou são muito fortes.


As medicações preventivas para tratamento da cefaleia não viciam. E medicação "forte" ou "fraca" não existe. Medicamentos devem ser indicados sempre por um especialista e utilizados da maneira correta

Dra Thaís Rodrigues Villa
Especialidade: Neurologista e neuropediatra

Nenhum comentário: