domingo, 14 de novembro de 2010

Doença Celíaca ou Condição Celíaca


1. O que é?

A doença celíaca é uma doença do intestino delgado, caracterizada pela intolerância permanente ao glúten. O único tratamento possível para esta doença é a dieta isenta de glúten.

2. Quais os sintomas?

Em crianças o quadro clássico é representado pela diarréia crônica, distensão abdominal e desnutrição. Entretanto, outros sintomas também podem estar presentes, como a dor abdominal, vômitos, constipação intestinal (prisão de ventre), irritabilidade, anorexia, baixa estatura, entre outros. A pessoa celíaca poderá apresentar apenas um sintoma, ou um conjunto de vários, que desaparecerão com o cumprimento da dieta isenta do glúten. Podem existir algumas doenças associadas, como o diabetes mellitus, hipotireoidismo, doenças auto-imunes, anemia ferropriva, intolerância à lactose, deficiência da imunoglobulina A e dermatite herpetiforme.

3. Como é feito o diagnóstico?

Após suspeita clínica, podem ser realizados exames laboratoriais, como anticorpo antigliadina, anticorpo anti-endomísio e anti-transglutaminase, entretanto, o diagnóstico somente poderá ser confirmado por meio da biópsia do intestino delgado. A biópsia do intestino delgado é de fundamental importância, sem ela o diagnóstico não poderá ser confirmado. Por meio da biópsia é evidenciada a atrofia vilositária e a infiltração de linfócitos intra-epiteliais. Após período sem ingerir glúten, uma nova biópsia deverá ser realizada, sendo demonstrada a normalização da mucosa intestinal, confirmando definitivamente o diagnóstico da Doença Celíaca.

4. Por que o portador da Doença Celíaca não pode comer alimentos com glúten?

A ingestão de alimentos com glúten, ou seja, TRIGO, AVEIA, CENTEIO E CEVADA, provoca lesão no intestino delgado, impedindo a adequada absorção dos alimentos, além de desencadear ou manter os sintomas da doença.

5. Por que é importante a manutenção da dieta sem glúten?

A dieta sem glúten é o único tratamento possível para a doença. O paciente celíaco que continuar ingerindo alimentos com glúten apresenta maior risco de desenvolver outras doenças, como doenças da tireóide, fígado, rins, pele e até câncer.

6. Quais os alimentos que o celíaco pode comer?

Todos os alimentos que NÃO CONTENHAM GLÚTEN, ou seja, que NÃO SEJAM PRODUZIDOS COM TRIGO, AVEIA, CENTEIO E CEVADA. O paciente celíaco poderá comer todas as frutas, verduras e carnes.

7. Quais as farinhas que o celíaco pode comer?

Farinha de mandioca, fécula de batata, fécula de mandioca, fécula / farinha de arroz, polvilho, farinha de milho, fubá, farinha de soja.

8. Há restrição com relação ao leite?

Geralmente os pacientes desenvolvem intolerância à lactose, que poderá ser temporária. Por isso, no início do tratamento normalmente há necessidade de diminuir ou retirar completamente a lactose da dieta. Como a lactose é um tipo de açúcar presente no leite de vaca, mas também no leite produzido por qualquer outro mamífero (cabra, búfala, égua, por exemplo), o consumo de leite ou de seus derivados deverá ser restringido. Alguns pacientes poderão voltar a ingerir leite e derivados após alguns meses do cumprimento da dieta isenta de glúten, outros poderão permanecer intolerantes à lactose. Atualmente dispomos de leite com baixo teor de lactose, além de várias fórmulas alimentares sem lactose, além disso, o paciente com intolerância à lactose poderá ingerir cápsulas de lactase (enzima que digere a lactose) antes de comer produtos com leite.

9. Quais outros cuidados que o paciente celíaco deve ter com relação à sua alimentação?

Deve-se tomar cuidado com a contaminação dos alimentos com o glúten, pois sabe-se que mesmo traços do glúten nos alimentos podem desencadear os sintomas. Em casa, deve-se separar os produtos que contenham glúten dos produtos que não contém glúten. Lembrar que, sem proceder limpeza adequada, utensílios utilizados para o manuseio e preparação de produtos com glúten poderão contaminar alimentos sem glúten. Recomenda-se que alimentos geralmente consumidos com pães (geléias, margarinas, maionese, entre outros) também sejam de uso exclusivo do paciente celíaco.

Doença Celíaca e Manifestações Reumáticas

Doença celíaca ou enteropatia sensível ao glúten pode ser divida em três formas clínicas, uma na qual diarréia predomina, geralmente esteatorréia (eliminação de fezes gordurosas), uma segunda forma na qual queixas tipo fadiga e perda de peso são os sintomas mais comuns e uma terceira forma clínica que pode se manifestar por outras queixas variadas tais como as decorrentes das alterações ósseas.

Sabe-se que os sintomas intestinais da doença celíaca podem estar ausentes em até 50% dos pacientes. Sabe-se também que ocorre associação com outras doenças, tais como dermatite herpertiforme, diabetes mellitus e doenças auto-imunes.

Doença celíaca está ligada a alguns genes, e, assim a incidência em gêmeos idênticos é de 70%, confirmando a predisposição genética da doença.

Artrite é uma complicação reconhecida da doença, podendo ocorrer nas crianças e nos adultos. Em um estudo a artrite ocorreu em 52 de 200 indivíduos adultos portadores da doença celíaca. O tipo mais comum de artrite nos adultos é uma artrite de menos de quatro articulações acometidas, simétrica e recorrente, acompanhada de rigidez matinal e aumento de volume das articulações. A artrite comumente não é destrutiva, ou seja, não deforma as articulações acometidas e não dá grandes alterações no exame de Raio-X. O acometimento da coluna lombar pode ocorrer, em particular na região das articulações sacro-ilíacas na região posterior da bacia. Geralmente ocorre uma melhora clínica dos sintomas articulares com a dieta sem glúten. A causa da artrite nos pacientes com doença celíaca não está totalmente esclarecida.

Outra manifestação importante da doença celíaca é a perda de massa óssea levando a osteopenia ou osteoporose. Assim, pacientes com osteoporose em faixa etária jovem ou aqueles com osteoporose que não respondem de forma adequada ao tratamento devem ser investigado para a presença de doença celíaca. A doença celíaca leva a osteoporose por má absorção de cálcio, com conseqüente hiperparatireoidismo secundário. A osteoporose quando não reconhecida e tratada, também no paciente com doença celíaca, pode levar a fraturas ósseas. O reconhecimento da presença da osteoporose ou das queixas articulares nos pacientes com doença celíaca deve ser assim, uma parte importante no cuidado do pacientes celíaco, orientando este a ingerir cálcio adequado, exposição solar adequada, atividade física regular, e, principalmente, dieta sem glúten, a qual trata a causa da doença.

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