terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O ÚLTIMO DOS SAMURAIS - CÓDIGO DE HONRA


Todo povo cigano sabe que a sombra se move de acordo com o sol e assim como os orientais temos nossa disciplina. Não por acaso me encantei com a história do Capitão Nathan Algren(Tom Cruise), um Veterano da Guerra Civil Americana que após o fim do conflito foi convidado a participar do treinamento do recém criado exército Imperial Japonês.
Com a volta do Imperador ao poder no Japão, o governo passa a contratar soldados e engenheiros ocidentais para treinar e equipar o seu exército contra os Samurais. Ao iniciar o treinamento, o Capitão percebe que não estão prontos para lutar e não podem vencer mesmo usando armas de fogo contra espadas, mas seu comandante insiste em envia-los a batalha. Durante o combate, vendo o exército ser massacrado pelos samurais, o comandante foge da batalha, o Capitão fica e luta bravamente até ser rendido pelo líder dos Samurais que fica impressionado com a bravura de seu adversário, poupando-lhe assim a vida mas levando-o como um prisioneiro.
O Capitão aprende com Katsumoto (Ken Watanabe) o código de honra dos samurais e acaba aos poucos se apaixonando pela cultura e valores dos guerreiros e enfim passa a apoiá-los contra as forças Imperiais e a ocidentalização desenfreada do país.
Para entender melhor tudo isto, saiba que o Samurai era como soldado da aristocracia do Japão. Suas principais características eram a grande disciplina, lealdade e por serem habilidosos com suas espadas. Os Samurais são ainda hoje admirados pelas suas façanhas guerreiras, eram uma casta completamente engrandecida pelos seus atos heróicos e pelo seu desprezo pela vida sem honra.
A morte, nos campos de batalha, quase sempre era acompanhada de decapitação. A cabeça do derrotado era como um troféu, uma prova de que ele realmente fora vencido. Por causa disso, alguns samurais perfumavam seus elmos com incenso antes de partirem para a guerra, para que isso agradasse o eventual vencedor. Samurais que matavam grandes generais eram recompensados com terras e mais privilégios.
Muitos  avaliam os samurais apenas como guerreiros rudes e de hábitos grosseiros, o que não é verdade. Os samurais destacaram-se também pela grande variedade de habilidades que apresentaram fora de combate. Eles sabiam amar tanto as artes como a esgrima, e tinham a alfabetização como parte obrigatória do currículo. Muitos eram exímios poetas, calígrafos, pintores e escultores. Algumas formas de arte como a dos arranjos florais e do chá eram também consideradas partes de sua formação nas artes marciais, pois treinavam a mente e as mãos do samurai.
O samurai era uma pessoa muito orgulhosa, tanto que se o seu nome fosse desonrado ele executaria o seppuku, pois no seu código de ética era preferível morrer com honra a viver sem a mesma. Se esta moda pega aqui no Brasil as eleições seriam de seis em seis meses para repor os governantes e os parlamentares.
O nome "samurai" significa, em japonês, "aquele que serve", portanto a sua maior função era servir, com total lealdade e empenho ao Imperador. Eram sempre devidamente recompensados por suas ações de lealdade.
Seguiam seu código até as últimas consequências, pois quando um samurai diz que fará algo, é como se já o tivesse feito. Nada nesta terra o deterá na realização do que disse que fará.

Código dos Samurais

Estes são os princípios que regem o código dos Samurais, o guia moral da maioria deles:
1) Os quatro G's
Giri significa 'obrigação, dever, justiça' um forte laço que une as pessoas. Gisei exprime 'sacrifício' e representa a dedicação ao trabalho, mesmo afastando-se da família, temporariamente. Gaman quer dizer 'tolerância, perseverança, resistência', é agüentar o que às vezes pode parecer insuportável. Gambaru exprime 'esforço, persistência', a capacidade de se envolver de forma profunda e determinada, manter-se firme e forte.
2) O Ken (visão) e o Kan (conhecimento)
Através da visão do futuro, clara e significativa, a pessoa pode vislumbrar melhor suas possibilidades, que, junto com o conhecimento do contexto e dos detalhes, ajudam a tomar as decisões mais sábias.
3) Melhoria contínua (kaizen)
O samurai está sempre treinando e buscando a perfeição para ser um guerreiro melhor hoje do que foi ontem.
4) Desprendimento (Mu)
O desapego tem fortes raízes na cultura Zen budista que influenciou o Bushido. Os interesses do grupo devem prevalecer, não do indivíduo.
5) Caráter
Outro princípio filosófico que o Bushido importou do Zen foi a idéia de que o trabalho deve ser visto como uma forma de engrandecer o caráter.
6) Atitude mental (Mushin)
O código dos samurais diz: 'É difícil derrotar os inimigos; é fácil derrotar a si mesmo'. Todo o treinamento se concentrava no autoconhecimento que gerava autoconfiança e a decorrente segurança nas decisões em momentos de crise e dificuldade.
7) Confiança (Amae)
Por natureza, o samurai acredita, em primeira instância, que as pessoas, de uma forma geral, são boas e honestas. O pressuposto básico que permeia todo início de relacionamento é a confiança. Compartilhar refeições, trocar presentes, participar de fases da vida são formas de construir o 'amae'.
8) Habilidades escondidas (Ude)
Ao contrário da cultura ocidental, na oriental é comum manter-se escondido mostrando um perfil modesto, restrito, contido e reservado, sem vangloriar-se ou exibir-se gratuitamente, deixando para revelar suas mais importantes forças no momento apropriado e de forma estratégica.
9) Intuição (Haragei)
Entre os samurais, esta característica é fundamental aos seus instintos. Haragei significa 'pensar com o estômago' e era um dos traços que famosos empresários japoneses como Konosuke Matsushita, Soichiro Honda ou Akio Morita compartilhavam. A observância a detalhes, a visão holística, o conhecimento tácito e a disciplina constante na educação fazem parte deste treinamento.
10) Harmonia (Enman)
Das artes marciais à cerimônia do chá, da culinária às manifestações artísticas, tudo o que permeia a cultura japonesa contém elementos que se traduzem em equilíbrio, harmonia. Nos negócios, a paciência é uma virtude que se traduz em longas rodadas de negociação e a busca da compreensão da posição do outro ajuda a encontrar soluções.

“Sejam fiéis a ele e vossa honra crescerá. Rompe-o, e vosso nome será insultado pelas gerações futuras.”

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